Disse que queria
mudar de vida. Difícil, né? A gente se vê metido num caminho e pular para a
outra faixa é meio que afogar e, por sorte, acordar vivo numa ilha
desconhecida. Haha, engraçado, mas tô falando sério. Eu também tô falando
sério. Sim, mas quero dizer o seguinte: vou e pronto.
Estava decidida a dizer
sim para si mesma sem pensar no caminho a percorrer, mas no final feliz do outro
lado do horizonte. O que eu posso fazer? Me deseja sorte. Tá brincando? É
sério. Boa sorte.
Saí me perguntando o
que ele faria. Ele faria assim, assim e assado. Diria que eu seria tudo o que
eu quisesse e me convidaria para um café. Voltei lá. Vamos tomar um café.
Aonde? Ah, tem um café-bar ali. Fomos. No meio do caminho, nos lembramos de
quem éramos. Ah, você lembra? Aquela vez que você saiu da sala, me defendeu
daquela encrenca e depois foi pra casa morrendo de medo de ser expulsa? Lembro,
que merda. Hoje, eu não faria aquilo. E você? Lembra daquele dia que você pela
primeira vez na vida tomou um ônibus para me acompanhar naquele show que não
aconteceu e que de repente nos vimos perdidas, sem saber como voltar, e ainda
por cima sem uma banda? Lembro, que merda, hoje não faria aquilo.
A gente ficou covarde.
Eu discordo. Somos as mesmas, com os mesmos impulsos, mas sem as mesmas
vontades. Dá no mesmo. Não dá no mesmo. Não precisamos fugir para nos encontrar. Nos assumir, mostrar quem somos é um desafio interior e exterior... Quando o conheci, me conheci...Ele me mostrou, sem me dizer, quem eu era e, sem
saber como e por que, fui trilhando este caminho registrado por esta galeria de
fotos. Quem sabe eu só precise mesmo de um espelho...